segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Som Imaginário


O que você apostaria numa banda psicodélica formada por membros do grupo que acompanhava Milton Nascimento no fim dos anos 60? Pode apostar alto: os três únicos discos lançados pelo Som Imaginário (cujos músicos também acompanharam Lô Borges, Beto Guedes, Erasmo Carlos, Gonzaguinha e outros) são good trips garantidas. O primeiro, em especial, trazia um som mais pop, que misturava Beatles, psicodelia, rock progressivo, hippismo explícito e praticamente nada de MPB - destacando a criatividade de Frederyko, um dos melhores e menos reconhecidos guitarristas do Brasil, hoje sumido da mídia.

A formação que gravou Som Imaginário foi surgindo aos poucos, no fim dos anos 60. Wagner Tiso, que acompanhava Milton Nascimento desde o início de carreira (chegaram a montar, na adolescência, um conjunto de jazz chamado W Boys, graças à predominância na banda de rapazes com a inicial W no nome - Milton, que era o baixista, chegou a trocar seu nome para Wilton) se juntou a alguns músicos que tocavam com ele na noite carioca, como o baterista Robertinho Silva e o baixista Luiz Alves, e acabaram formando uma banda para tocar com o cantor mineiro. Antes disso, boa parte da formação do Som Imaginário podia ser encontrada no grupo de bailes Impacto 8, que tinha, entre outros, Robertinho e Frederyko. A banda não deu muito certo - Raul de Souza, trombonista e, em tese, líder do Impacto 8, desistiu do grupo após um show num Clube Militar em que todos os músicos simplesmente "esqueceram" de animar o baile para improvisar, solar e soltar os bichos no palco.

Já contando com Wagner Tiso, Luiz Alves e Robertinho Silva, o Som Imaginário logo admitiria Frederyko, o percussionista Laudir de Oliveira (que não ficaria na banda) e mais uma dupla de compositores que também se destacaria no álbum de estréia: Zé Rodrix (órgão) e Tavito (guitarra-base e violão de 12 cordas). O grupo gravaria o LP de 1970 de Milton Nascimento e logo entraria em estúdio para registrar Som Imaginário, um dos mais interessantes lançamentos da música psicodélica brasileira. O disco tinha muito menos influências de MPB do que o pedigree dos músicos poderia fazer supor - mas havia a presença de Milton, fazendo alguns vocais (não creditados) e cedendo o instrumental prog mineiro "Tema dos deuses", sem contar a latinidade que aparecia em algumas canções assinadas por Zé Rodrix, como a ruidosa "Morse" e a doidaralhaça "Super-God", com sua letra psicodélica e contra-cultural. Todas as faixas eram preenchidas pela fuzz-guitar de Frederyko, que ainda contribuiu com dois dos momentos mais hippies do disco, a bela "Sábado" (gravada nos anos 80 pelo - veja só - Roupa Nova) e a balada anarquista "Nepal", gravada em clima de zoação no estúdio.

O maior sucesso do disco acabou sendo "Feira moderna", parceria de Beto Guedes, Lô Borges e Fernando Brant, gravada pela banda numa versão crua, cheia de riffs de órgão - é aquela mesma música que você conhece da versão de Beto Guedes no disco Amor de índio, de 1978 (e regravada também pelos Paralamas do Sucesso nos anos 90). Zé Rodrix, que praticamente liderava o grupo no disco e fazia quase todos os vocais, prosseguia sua viagem pop e lisérgica em faixas como "Make believe waltz" (mesclando valsa, rock e country), a agressiva "Hey man" (espalhando brasa para a Copa de 70 e a ditadura nos versos: "você precisava da taça de ouro/você precisava beber nessa taça/que você pagou com o sangue que nela derreteu.../só que nesse instante você foi feliz/você é feliz quando deixam") e o hino psicodélico "Poison", com letra lembrando Timothy Leary e os Beatles de "Tomorrow never knows" ("I always get the poison that I need to be alive, to see and sing/so poison me to get my mind way out/my mind way in").

Formado por músicos bastante requisitados - até hoje, aliás - o Som Imaginário se dividia entre a banda e vários trabalhos para outros artistas. Com o tempo o grupo foi perdendo integrantes. Zé Rodrix logo sairia da banda para se juntar a Sá & Guarabyra e gravar dois discos não menos clássicos, além do solo 1º acto, de 1973 (também pela Odeon). O segundo disco do Som Imaginário (1971), também homônimo, trazia Frederyko na liderança, compondo uma série de faixas anárquicas (como "Cenouras" e a engraçada "Salvação pela macrobiótica"), além do tema "A nova estrela", dele e de Wagner Tiso. E é a sonoridade de Wagner que domina Matança do porco, disco de 1972 da banda, mais chegado ao estilo que marcaria os trabalhos solo do tecladista. Com três discos bastante diferentes uns dos outros - Milagre dos peixes ao vivo, disco de Milton Nascimento lançado em 1975, pode ser considerado o quarto LP do grupo, por ter sido creditado a eles e ao cantor - o Som Imaginário chegou a um resultado que não permitia comparações com praticamente nenhuma banda nacional ou internacional. Pena que tenha durado tão pouco.



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Bolha



Nascida no Rio de Janeiro, The Bubbles - formada por Cesar (solo), Renato (ritmo), Ricardão (baixo), logo substituído por Lincoln, e Ricardo (bateria) - é uma das maiores lendas da história do rock brasileiro. Desde o início da carreira, em meados dos anos sessenta, a banda passou por todas as fases do rock daquela época, da invasão britânica ao hard rock, passando pela psicodelia e pelo semi-progressivo. Em 1966, lançaram o raríssimo compacto com as faixas ‘Não Vou Cortar o Cabelo/Porque Sou Tão Feio’, versões para Los Shakers (Break it All) e The Rolling Stones (Get Out Of My Cloud), respectivamente.


Após participar de shows e programas de TV - abriram para os Herman’s Hermits, no Rio de Janeiro - e, principalmente, de reinar (ao lado dos Analfabitles) no tradicional circuito de show/bailes na periferia do Rio de Janeiro, acompanharam Gal Costa como banda de apoio. Em 1970, foram assistir ao Festival da Ilha de Wight, ficando impressionados com o que viram. De volta ao Brasil, resolveram mudar radicalmente a sonoridade da banda, resultando no clássico compacto simples com as faixas ‘Sem Nada/18:30 (Parte I)’ e ‘Os Hemadecons Cantavam em Coro Chôôôôôôô’, lançado em 1971. Nesse meio tempo, a banda ainda participou do histórico álbum ‘Vida e Obra de Johnny McCartney’, com o cantor da Jovem Guarda, Leno (ex-Leno & Lílian), produzido por Raul Seixas.


Em 1972, ganham o prêmio de melhor banda no Festival Internacional da Canção (FIC), o que garante melhores condições para gravar o primeiro LP, batizado de ‘Um Passo à Frente’ (já reeditado em CD), trazendo um rock básico, com algumas faixas numa linha bem progressiva, que saiu em 1973. Nesta época, a banda contava com Pedro Lima (guitarras, harmônicos, vocal), Renato Ladeira (órgão Hammond, Farfisa, Vox, guitarras, vocal), Lincoln Bittencourt (baixo, vocal) e Gustavo Schroeter (bateria, vocal). Em 1975, participam do lendário festival ‘Banana Progressiva’, realizado no Teatro da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, entre os dias 29 de maio e 1º de junho.


Em 1977, após alguns altos e baixos e mudanças de formação, gravam seu segundo e último disco - ‘É Proibido Fumar’, em que adotam uma sonoridade um pouco mais ‘pesada’, abandonando definitivamente o progressivo. Mas as vendas não foram muito boas, decretando o fim da banda, que ainda tocou como banda de apoio de Erasmo Carlos, em uma turnê pelo Brasil. Renato também integrou o grupo gaúcho Bixo da Seda (ex-Liverpool), e depois o Herva Doce, já nos anos 80.



quarta-feira, 6 de outubro de 2010

40 anos sem Janis Joplin.

Há 2 dias 04-10-2010 foi o 40º Aniversário de morte da cantora Janis Joplin e graças a ela resolvi criar uma nova coluna no blog, que vai se chamar "Musa do Rock" onde só vou postar algumas fotos e frases de alguma personalidade feminina do Rock diferente da outra coluna onde indico discos e a biografia de alguma cantora.



" Eu canto com a minha alma, com o meu corpo, com o meu sexo... Eu canto toda!"



" Posso não durar tanto quanto outras cantoras mas sei que posso destruir-me agora se me preocupar demais com o amanhã. "




" Nunca fui capaz de controlar meus sentimentos, mantê-los lá dentro. Antes, isso estragava a minha vida, sempre fui uma vítima de mim mesma. Eu vazia coisas erradas, fugia, ficava maluca. Agora faço esse sentimento trabalhar para mim, através da música, ao invés de me destruir. "




"Acho que o público gosta de ver seus artistas prediletos sofrendo.Especialmente se forem cantores de blues! 'Oh... Billie Holliday é Junkie... ela morreu... oh...' Bem, eu digo que não vou dar esse gostinho à ninguém: estou aqui para me divertir e vou tentar curtir a vida ao máximo"



"Minha música não é para fazer ninguém se rebelar. É para fazer as pessoas quererem trepar"